quarta-feira, 11 de agosto de 2021

JOSÉ RIBEIRO DANTAS SOBRINHO

 



QUEM FOI ZUMBA DO TIMBÓ

NOTA BIOGRÁFICA Nº 05 – VILLAR E CIA – APONTAMENTOS DE HISTÓRIA FAMILIAR - 1998
ALCIDES FRANCISCO VILLAR DE QUEIROZ

 


Câmara Cascudo, em “Acta Diurna” publicada em 1947 e reproduzida no Diário de Natal de 07/04/1998, assim se refere ao personagem da presente Nota: “Muitos lhe ignoravam o nome. Conheciam-no pelo título, como a um pregão nobiliárquico identifica-se o fidalgo. Quando diziam O Major! Todos sabiam que se tratava de Zumba do Timbó, outra razão feudal que liga o homem á posse da terra”. Mas quem foi Zumba do Timbó?

José Ribeiro Dantas Sobrinho (n. 17/05/1839 e f. 22/07/1889) – cujos pais foram Antonio Basílio Ribeiro Dantas,, o Velho, e Inácia da Silva Bastos – mais conhecido como Zumba do Timbó, foi uma pessoa que por diversos caminhos se “infiltrou” na família Villar e nela deixou descendentes que o tempo se incumbiu de multiplicar (...).

José Ribeiro Dantas Sobrinho foi casado em primeiras núpcias com Antonia Balbina Viana, gerando o casal sis filhos, dentre eles João Ribeiro Dantas, pai de Heráclio Villar Ribeiro Dantas e de Orlando Ribeiro Dantas. O segundo casamento do nosso biografado foi com Urcicina Raposo de Mello (nome de solteira0, filha do Dr. Manoel Hemetério raposo de Mello e resultou em três filhos, dos quais, José Ribeiro Dantas, esposo de Helena de Araújo Villar.

Zumba do Timbó, um dos grandes senhores de engenho da cidade de Ceará-Mirim, foi dono das seguintes propriedades: engenho Sapé (parte em Papari), Trigueiro, Timbó de Dentro (rebatizado com São Pedro), Porão, Veados, Barra de Levada, Oitizeiros, Joazeiro e Cafuca (estes dois em Santana de Matos) e Timbó de Fora. Foi, além disso, dono de muitos escravos que alforriou espontaneamente antes de decretada a Abolição.
Extremamente trabalhador, costumava ele acompanhar seus homens na faina diária dentro do engenho se antecipou a todos os demais senhores na introdução de meios mais modernos na produção do açúcar. Estabeleceu também mutirões para regularizar o fluxo das águas dentro dos canaviais. Rico, era também apurado no trajar e possuía liteiras, caleças e outros veículos para se locomover de maneira confortável e elegante.

Conhecido como O Major, era ele Coronel da Guarda nacional, guarnição do Ceará-Mirim e uma das figuras mais expressivas daquela comunidade (Zumba foi nomeado junto com Victor de Castro Barroca para formarem a comissão de socorro aos flagelados da seca de 1877).

Finalizemos o presente texto repetindo Cascudo na Acta Diurna mencionada: “Zumba do Timbó! Nome de Guerra! Quando eu passava pelas ruínas do seu engenho nunca deixei de parar e saudar a sombra do grande batalhador do vale, ensinando o segredo das obras miraculosas pelo processo de cooperação....” e nós, igualmente, saudamos a memória desse homem incansável no seu labor, idealista na antecipação do progresso e correto nas suas atitudes.

Obs: No ensaios sobre “Elementos para o estudo da escravidão no Ceará” de Guarino Alves:

Na página 93, Guarino diz que: No Ceará-Mirim (Rio Grande do Norte) aimda se recorda o Zumba do Timbó, apellido do Capitão José Ribeiro Dantas, proprietário de engenhos-de-açúcar. Se qualquer escravo de outrem desviava-se do dever, vinha logo a ameaça terrível de ser vendido ao Zumba do Timbó. Quando estive lá, colhendo subsídios históricos, ouvi dizer que o Zumba costumava pregar a orelha do escravo numa porta, depois senatava-se na cadeira e chamava-o: “venha cá, negro!” O pobre diabo receiando castigo pior atendia-o num repuxão de cabeça, rasgando a orelha. Ninguém sabe até que ponto a verdade se confunde com a lenda, mas me disseram que a mulher* de Zumba, não ficava atrás nesse mister: às negras desobedientes, mandava passar pimenta no anus.”

* A mulher de Zumba que o autor Guarino faz referência e, há muitos causos a ela relacionados, foi Antonia Balbina Viana filha do português do engenho Carnaubal Antonio Bento Viana e primeira esposa de Zumba.

FONTE – CEARA MIRIM – CLTURA E ARTE

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