QUEM FOI ZUMBA DO TIMBÓ
NOTA BIOGRÁFICA Nº 05 – VILLAR E CIA – APONTAMENTOS
DE HISTÓRIA FAMILIAR - 1998
ALCIDES FRANCISCO VILLAR DE QUEIROZ
Câmara
Cascudo, em “Acta Diurna” publicada em 1947 e reproduzida no Diário de Natal de
07/04/1998, assim se refere ao personagem da presente Nota: “Muitos lhe
ignoravam o nome. Conheciam-no pelo título, como a um pregão nobiliárquico
identifica-se o fidalgo. Quando diziam O Major! Todos sabiam que se tratava de
Zumba do Timbó, outra razão feudal que liga o homem á posse da terra”. Mas quem
foi Zumba do Timbó?
José Ribeiro Dantas
Sobrinho (n. 17/05/1839 e f. 22/07/1889) – cujos pais foram Antonio Basílio
Ribeiro Dantas,, o Velho, e Inácia da Silva Bastos – mais conhecido como Zumba
do Timbó, foi uma pessoa que por diversos caminhos se “infiltrou” na família
Villar e nela deixou descendentes que o tempo se incumbiu de multiplicar (...).
José Ribeiro Dantas
Sobrinho foi casado em primeiras núpcias com Antonia Balbina Viana, gerando o
casal sis filhos, dentre eles João Ribeiro Dantas, pai de Heráclio Villar
Ribeiro Dantas e de Orlando Ribeiro Dantas. O segundo casamento do nosso
biografado foi com Urcicina Raposo de Mello (nome de solteira0, filha do Dr.
Manoel Hemetério raposo de Mello e resultou em três filhos, dos quais, José
Ribeiro Dantas, esposo de Helena de Araújo Villar.
Zumba do Timbó, um dos
grandes senhores de engenho da cidade de Ceará-Mirim, foi dono das seguintes
propriedades: engenho Sapé (parte em Papari), Trigueiro, Timbó de Dentro
(rebatizado com São Pedro), Porão, Veados, Barra de Levada, Oitizeiros,
Joazeiro e Cafuca (estes dois em Santana de Matos) e Timbó de Fora. Foi, além
disso, dono de muitos escravos que alforriou espontaneamente antes de decretada
a Abolição.
Extremamente trabalhador, costumava ele acompanhar seus homens na faina diária
dentro do engenho se antecipou a todos os demais senhores na introdução de
meios mais modernos na produção do açúcar. Estabeleceu também mutirões para
regularizar o fluxo das águas dentro dos canaviais. Rico, era também apurado no
trajar e possuía liteiras, caleças e outros veículos para se locomover de
maneira confortável e elegante.
Conhecido como O
Major, era ele Coronel da Guarda nacional, guarnição do Ceará-Mirim e uma das
figuras mais expressivas daquela comunidade (Zumba foi nomeado junto com Victor
de Castro Barroca para formarem a comissão de socorro aos flagelados da seca de
1877).
Finalizemos o presente
texto repetindo Cascudo na Acta Diurna mencionada: “Zumba do Timbó! Nome de
Guerra! Quando eu passava pelas ruínas do seu engenho nunca deixei de parar e
saudar a sombra do grande batalhador do vale, ensinando o segredo das obras
miraculosas pelo processo de cooperação....” e nós, igualmente, saudamos a
memória desse homem incansável no seu labor, idealista na antecipação do
progresso e correto nas suas atitudes.
Obs: No ensaios sobre
“Elementos para o estudo da escravidão no Ceará” de Guarino Alves:
Na página 93, Guarino
diz que: No Ceará-Mirim (Rio Grande do Norte) aimda se recorda o Zumba do
Timbó, apellido do Capitão José Ribeiro Dantas, proprietário de
engenhos-de-açúcar. Se qualquer escravo de outrem desviava-se do dever, vinha
logo a ameaça terrível de ser vendido ao Zumba do Timbó. Quando estive lá,
colhendo subsídios históricos, ouvi dizer que o Zumba costumava pregar a orelha
do escravo numa porta, depois senatava-se na cadeira e chamava-o: “venha cá,
negro!” O pobre diabo receiando castigo pior atendia-o num repuxão de cabeça,
rasgando a orelha. Ninguém sabe até que ponto a verdade se confunde com a
lenda, mas me disseram que a mulher* de Zumba, não ficava atrás nesse mister:
às negras desobedientes, mandava passar pimenta no anus.”
* A mulher de Zumba
que o autor Guarino faz referência e, há muitos causos a ela relacionados, foi
Antonia Balbina Viana filha do português do engenho Carnaubal Antonio Bento
Viana e primeira esposa de Zumba.
FONTE – CEARA MIRIM – CLTURA E ARTE
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